
Estamos Sofrendo Uma Crise De Imaginação
Falar sobre o futuro é sempre muito desafiante, mas ultimamente tem sido preocupante também, e por isso tenho como propósito não somente falar sobre o futuro, mas sobre os futuros, sim, no plural. Futuro não é único, são cenários possíveis e desejáveis que não devemos desprezar e sim ter papel ativo em como construí-los.
Por muito tempo, falar do futuro era algo imediato ou surreal, pois delegávamos ele a indústria do cinema, ao charlatanismo, aos The Simpsons – esses até que atuam com bom nível de acerto – mas a coisa vem ficando séria com o crescimento descontrolado de futuristas de redes sociais e mais ainda quando delegamos o nosso futuro a tecnologia, aos tecnocratas.
Saímos dos cenários utópicos que o cinema nos trazia – pare um segundo para pensar nas referências do futuro hollywoodiano – para cenários distópicos, onde a tecnologia é o centro e tudo gira em torna dela, não somente para o bem, o que é preocupante.
Fomos educados para buscar no passado os argumentos e referências do futuro, sem sequer imaginar nas mudanças
Quando perguntamos sobre o futuro a um indivíduo ou mesmo aos líderes de uma organização a resposta invariavelmente será pessoal, individualizada e visando o melhor a si mesmo, assim como será linear, olhando de hoje a um período próximo, sem opções ou estes tais cenários.
Será do meu próximo final de semana a minha aposentadoria ou de quanto de market share a minha empresa deseja ter nos próximos 5 anos. Isso não é futuro, isso é o seu presente.
Assim como as tendências já estão acontecendo. O futuro é emergente, vem das bordas, são sinais ainda fracos e são a eles que precisamos estar atentos.
Mas o grande problema está justamente aqui, estamos sofrendo uma crise de imaginação coletiva. Nós temos a capacidade de especular, mas não o fazemos, delegamos, aceitamos o que nos é imposto. A nossa limitação de mundo, define o nosso mundo pessoal, mas precisamos pensar e agir coletivamente.
O lixo que eu produzo no meu mundo pessoal, a minha opinião política, e mesmo a minha inação, impactam diretamente no mundo do outro, e vice-versa. O segredo de começarmos a desenhar futuros desejáveis está no coletivo, no diverso, no amplo.
Porém, idealizado assim, o futuro se torna algo tão distante que nos faz acreditar que jamais chegamos nele, quando na verdade ele é feito para sempre que chegamos nele, termos outro mais a frente.
Pensar no futuro envolve pensar no amanhã, o primeiro dia do nosso futuro, o acionável deste lugar distante. O amanhã é o que nos engaja ao nosso futuro pois agimos sobre ele, e o que fizermos amanhã já estará no caminho a na construção deste futuro.
Temos conduzido um projeto chamado TomorrowCast, que tem como foco a conversa com os mais diversos interlocutores justamente sobre esses futuros acionáveis. A ideia é dar voz a quem tem sido relevante em seus temas e abrir a conversa sobre essas possibilidades de futuros desejáveis, espero também aqui podermos nos encontrar para trocar e co-criar possibilidades.
Futuro é uma possibilidade, não uma previsão.
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